“Tenho comigo sua confortadora carta de 21 deste mês, trazida por nossa estimada irmã Laura, cuja presença e cuja palavra me proporcionaram imenso reconforto pela segurança evangélica de seu nobre espírito.
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Muito me alegraram as notícias das belas realizações do Instituto Espírita de Educação, que os estimados companheiros estão sustentando com tanto valor. Entendo que sem educação, todo o nosso esforço será sempre aquele das iniciativas, por vezes admiráveis, das palavras e dos gestos exteriores respeitáveis e nobres na obra do bem, que acabam comumente entre a ineficácia e o desencanto. Com a educação, porém, o serviço do bem assume as características de eternidade.
Rogo, pois, a Jesus, para que vocês continuem cada vez mais encorajados no grande empreendimento a que se encontram empenhados. Pensei muito no que me conta a sua bondade, acerca do Externato Hilário Ribeiro, fundado para representar a missão de escola modelo do instituto. Guardo a certeza de que vocês saberão mantê-la no elevado nível para que foi criada e, ainda ontem, ouvindo o nosso abnegado Emmanuel, disse-me ele que vocês permanecem sob esclarecida assistência espiritual na realização em andamento. Que o Senhor lhes multiplique as energias na grande edificação.
Diante, contudo, de sua manifestação clara e sincera para comigo e na condição de servo e aprendiz dos companheiros de São Paulo, que me habituei a querer e a admirar profundamente, medito no que poderá suceder, amanhã, se a escola do Instituto omitir, deliberadamente, o ensino da Doutrina Espírita à infância. Nossos Benfeitores Espirituais costumam dizer-me que o Evangelho do Senhor é o tesouro das bênçãos divinas que nos investirá na posse do Céu em nós mesmos e que a Doutrina Espírita é a chave que Jesus nos envia para penetrar-lhe a glória e a riqueza entrando na luz da vida eterna.
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Se negarmos aos pequeninos, filhos de espíritas ou não, numa escola modelo espírita essa chave do Senhor que é a Doutrina Espírita, não será o caso de estarmos em simples acomodação social, prosseguindo nos velhos moldes do verniz para a inteligência com o descaso do coração?
Falamos habitualmente que formaremos alicerces evangélicos no espírito da fraternidade cristã dentro da escola, mas não socorreremos a alma da criança com o conhecimento justo. Claro que não me refiro a cursos minuciosos para os meninos, mas a noções de nossa Redentora Doutrina como sejam a sobrevivência além da morte, a comunicação espiritual e a reencarnação que, a meu ver, assimilados na infância, fortalecem a criatura para todos os dias da existência.
Tenho a escola como sendo minha mãe. E aquilo que verte do coração maternal é luz para todos os filhinhos. Assim sendo, com todo o meu respeito a vocês, creio que a Doutrina Espírita, em noções simples e leves, deve ser ensinada a todas as crianças e aquelas que não desejarem recolher esse alimento de luz naturalmente devem ser livres para se retirarem sem qualquer constrangimento.
Não emito esta opinião por fanatismo religioso. Tenho a felicidade de possuir afeições nos vários setores da fé, inclusive, de contar com a amizade de padres católicos e pastores protestantes, a quem respeito e estimo com muito amor, veneração e sinceridade.
Entretanto, eu faltaria com a minha consciência se não conversasse com o querido amigo, sobre o assunto, com a lealdade que lhe devo, reconhecendo embora que os amigos do Instituto, atentos às circunstâncias que ignoro, saberão conduzir a escola com a benção de Jesus para os mais altos destinos.
Perdoe-me, assim, a opinião despretenciosa, sim?
A todos os nossos companheiros, as minhas lembranças. Um abraço à toda a nossa querida família da U.S.E.. E, com as afetuosas saudações de que a nossa irmã Laura é mensageira, segue para o prezado amigo um grande abraço do seu irmão e servidor muito reconhecido de sempre. Chico Xavier (Anais do Instituto Espírita de Educação)