Energia e Evolução – Processos de alimentação

Decorre do princípio físico da conservação da energia que nenhuma atividade vital pode manter-se sem contínua alimentação energética. Alimento é, por definição, qualquer substância capaz de ser oxidada dentro de uma célula, para nela produzir energia. O metabolismo, que é fisiologicamente o conjunto dos fenômenos químicos e físico-químicos de assimilação e desassimilação de substâncias, traduz processo inerente à própria natureza dos seres vivos.

Nos vegetais, a oxirredução da fotossíntese se realiza por etapas, sempre com absorção de energia. Uma planta, para sintetizar cerca de 180 gramas de glicose, utiliza aproximadamente 686 grandes calorias de energia, sendo possível, em condições favoráveis, a fabricação horária de meio grama de glicose por metro de superfície foliar iluminada. Não vem ao caso o fato de que a glicose produzida por fotossíntese logo se polimerize, tornando-se amido na própria folha; o que aqui importa é assinalar que não bastam as matérias-primas (água e gás carbônico) e os catalisadores (clorofila e enzimas) para que a fotossíntese aconteça, pois ela não ocorrerá sem a incidência indispensável de energia luminosa.

A fotossíntese é, como todo processo de natureza alimentar, um sistema de produção de energia por meio de aplicação de energia. No caso, isso se dá pela fabricação de substâncias orgânicas elaboradas a partir de minerais, através de reações endergônicas, sendo a luz a fonte energética utilizada. Embora ocorram, na fotossíntese, fenômenos derivados que não dependem de raios luminosos, é a energia luminosa, transformada durante a reação de decomposição da água em presença da clorofila, que alimenta as reações endergônicas nas células.

Como os vegetais destituídos de clorofila, e os animais, dependem, para alimentar-se, da matéria orgânica sintetizada pelas plantas verdes, podemos concluir que toda a energia que mantém vivos os seres, em nosso mundo, provém das transformações da energia solar.

Entretanto, podemos e devemos levar mais longe as nossas conclusões, se considerarmos que essa realidade não se confina à fisiologia terrestre, em termos de matéria propriamente dita, pois se estende ao plano dos humanos desencarnados, nos mesmos níveis substanciais de evolução. A matéria mental, apesar dos aspectos estruturalmente diversos nos quais se organiza e se manifesta, obedece aos mesmos princípios fundamentais que regem o mundo físico, tal como entendido na crosta planetária. Sob o influxo da atividade mental, a glândula perispirítica que corresponde à hipófise do soma carnal segrega uma espécie de hormônio, semelhante à tireotrofina, cuja ação estimuladora auxilia a produção, pela tireóide perispiritual, de uma secreção semelhante à tiroxina, cujo trabalho não somente influi no metabolismo do corpo espiritual, mas atua, além disso, como importante fator de equilíbrio ou de desequilíbrio da estrutura celular do psicossoma.

Se bem que os processos de alimentação do soma perispirítico dos desencarnados humanos se caracterizem por extrema variedade de tipos, nos mais diferentes escalões evolucionários, eles não diferem substancialmente dos que se conhecem na crosta do mundo. O que ocorre é que sobem em escala inversa nos planos hierárquicos da evolução, pois enquanto os desencarnados mais “materializados” simplesmente continuam a agir segundo os mesmos métodos e processos a que se habituaram, adaptando-os às circunstâncias e às contingências da nova situação em que se encontram, os mais distanciados da matéria densa efetuam, em níveis de escala superiores, o mesmo processo de fotossíntese dos vegetais verdes da crosta planetária, para elaborarem o seu próprio alimento quintessenciado, a partir dos princípios elevados da luz enobrecida.

Se avançarmos nossos pensamentos na progressão lógica das induções a que nos levam os princípios da evolução, então acabaremos por começar a entender o sentido das palavras do Divino Mestre, quando disse: “Eu tenho para comer um alimento que vós não conheceis.”
(Áureo. Universo e vida. Psicografia de Hernani T. Sant’Anna.  5.ed., Cap. 5, item 10.)