Autora: Nísia Anália
Personagens: Narrador, Lucinha, Aninha, Sr. Paulo, D. Zeferina, mamãe
Cenário 1: Uma casa: sala, quarto e um jardim
Cenário 2: Plano Espiritual
(Inicia-se a peça, com a entrada de uma menina, Aninha, que fica pensativa por alguns segundos, ao som de uma música de acordo com o tema. A seguir entra outra menina, Lucinha.)
Lucinha: Olá Aninha, como você está, tudo bem?
Aninha: Tudo bem! Onde você está indo?
Lucinha: Vou comprar um presente para a mamãe, pois domingo é o dia das mães.
Aninha: É mesmo… Estava lembrando da mamãe… seria tão bom se ela ainda estivesse aqui!
Lucinha: É, seria mesmo, pois mãe é um grande tesouro em nossas vidas. Mas, não fique triste, pois a mamãe é como se fosse sua mãe também.
Aninha: Eu sei e a amo muito. Apesar desse amor, ainda sinto muita falta da minha mãe.
Lucinha: Não fique triste. Venha, vamos comigo!!
Aninha – (Quase chorando): Não, depois eu vou… (sai de cena)
(Lucinha fica pensativa. Nesse momento entra Sr. Paulo, pai de Lucinha.)
Sr. Paulo: Olá minha filha, por que você está tão pensativa?
Lucinha: Oi papai, estou com pena da Aninha. Ela está muito triste, porque domingo é o dia das mães e a dela já morreu.
Sr. Paulo: Ora, ora. Você não explicou para ela que a morte não existe? E que a mãe dela está apenas em outro plano chamado plano espiritual?
Lucinha: Papai, ela estava tão triste, que pensei que ela nem me escutaria… E também, ela já sabe um pouco dessa verdade.
Sr. Paulo: Onde ela está?
Lucinha: Foi para o jardim.
Sr. Paulo: Bom, deixa eu ir lá conversar com um pouquinho com ela.
Lucinha: Vai mesmo papai. Ela está precisando de conversar.
(Os doi saem de cena. Entra Aninha. Cenário de um jardim. Fica em um canto chorando.)
Narrador – (Somente voz): Aninha tinha ido para o jardim. A saudade de sua mãezinha parecia muito forte, por isso ela estava muito triste e para aliviar um pouquinho, ela começou a chorar. Quando o Sr. Paulo chegou ao jardim, viu que ela estava chorando.
Sr. Paulo: Aninha, Aninha, minha filha, o que aconteceu?
Aninha – (Tentando parar de chorar): Não foi nada, desculpe-me.
Sr. Paulo – (Abraçando-a): Que é isso, minha filha, venha cá, quero conversar com você. Lucinha contou-me o motivo de sua tristeza.
Aninha: Tolice minha.
Sr. Paulo: Não querida, isso não é tolice. É muito natural, todos nós sentimos saudades daqueles que amamos e vivem distantes.
Aninha: Mas mamãe não vive…
Sr. Paulo: Aí é que você se engana, minha filha! Sua mãe vive. A morte não existe. Ela está só fazendo uma viagem, um dia vocês se encontrarão. Sei que você tem dificuldade de aceitar essas verdades, mas, pense um pouco sobre elas.
Aninha: Claro que eu acredito, Sr. Paulo. Só tinha receio de não ser verdade, mas estou com tanta saudade dela. O que posso fazer para encontrá-la?
Sr. Paulo: Primeiro você tem que acabar com essa ideia de que ela não existe. Depois, orar por ela todos os dias e procurar ser uma menina sempre amorosa com todas as pessoas, o que aliás, você já é.
Aninha – (Esperançosa): Mas, será que vou demorar a encontrá-la?
Sr. Paulo: Olha, Aninha, quando nós dormimos podemos encontar com os que amamos e já desencarnaram, se Deus assim permitir. Todas as noites, lembre-se de pedir em suas orações para que isso aconteça…
Aninha: Obrigada, senhor Paulo, você é realmente um pai.
Sr. Paulo: Todos aqui em casa a amamos muito, minha filha.
(Os dois se abraçam e saem de cena.)
Narrador: Aquele dia para Aninha foi muito importante, pois sentiu que o sr. Paulo falava a verdade, principalmente que sua mãe não tinha morrido, mas apenas seu corpo. Essa aceitação, fez com que ela se sentisse mais serena.
A noite, ao deitar-se, ela fez uma prece, com muita fé para Jesus, pedindo-lhe permissão para encontrar-se com sua mãezinha. Pediu, com tanta fé, que quando ela dormiu, vejam o que aconteceu…
(Cenário 2- Plano Espiritual = organizar uma maneira de vizualizar um local bonito, mais iluminado. Ao som de uma música, que poderá falar de imortalidade ou somente intrumental, entra Aninha, admirada.)
Aninha: Nossa! Que lugar lindo!
(De repente entra sua mãe – espírito. Tornar esse momento bem emocionante.)
Mãe: Aninha, Aninha, minha filha…
Aninha – (Emocionada a abraça): Mamãe, mamãe! Que saudade!
Mãe: Eu também, minha filha, já estava com muita saudade de você. Mas hoje, graças a Deus, estamos nos reencontrando. Sabe minha querida, ouvi o seu choro. Fiquei muito pensativa e com vontade de dizer-lhe que eu continuava viva, que você precisava ter essa certeza. Queria dizer-lhe que a amava muito, que o meu amor continuava o mesmo. Quando o Sr. Paulo foi conversar com você, me alegrei muito, pois ele disse tudo o que eu estava com vontade de dizer. Minha querida, a mamãe não morreu, nunca pense isso. Estou agora no plano espiritual, onde é nossa vida verdadeira. Estou viva. O que acabou foi somente o meu corpo físico, mas eu, espírito, continuo viva. Gostaria de pedir-lhe para amar a D.Zeferina como sua mãe, ao Sr. Paulo como seu pai, e também a Lucinha como sua irmã. Eles são a nossa família espiritual. Seja sempre uma boa menina. Quando estiver triste, com muita saudade, lembre-se da mãe de Jesus e de todos nós, nossa querida Maria de Nazaré, e ela lhe ajudará.
Fique com Deus…
Aninha: Ainda está cedo, mamãe…
Mãe: Tenho que ir, minha filha, até breve…
(Vai saindo de cena, ao som de uma música. A seguir, Aninha sai pelo outro lado. Volta o cenário de sua casa.)
Narrador: Aninha acordou naquele momento, sentou-se na cama e começou a recordar o lindo sonho que teve a noite. Sonho? Ela bem sabia, que não era apenas um sonho. Era ela, tinha certeza. Havia se encontrado com sua mãezinha. Seu coração estava aliviado e feliz! Lembrou-se então, das últimas palavras de sua mãe: “ame a D.Zeferina como sua mãe…”. Olhou no calendário e lembrou que era domingo, dia das mães! Resolveu então, chamar Lucinha, para abraçarem a D.Zeferina.
(Entra Aninha, chamando a Lucinha.)
Aninha: Lucinha, Lucinha, venha cá.
Lucinha: (Entra assustada) – O que foi? Você está tão alegre!
Aninha: Estou sim! É que hoje é o dia das mães.
Lucinha: Ué, ontem você estava triste por isso.
Aninha: Ontem foi ontem, hoje é hoje!
Lucinha: O que aconteceu?
Aninha: Eu compreendi que a mamãe não morreu. Esta noite eu sonhei que estava conversando com ela. Então ela pediu-me para amar a D.Zeferina como uma mãe. Por isso resolvi chamar você para irmos juntas abraçá-la.
Lucinha: Que notícia boa! Estou feliz por você. Vamos sim, ela e o papai estão tomando café.
Aninha: Você sabe alguma música para cantarmos para ela?
Lucinha: Sei sim. Venha que vou ensinar-lhe.
Aninha: Então vamos.
(As duas saem de cena. Entram sr. Paulo e D. Zeferina.)
D. Zeferina: Como estará Aninha hoje?
Sr. Paulo: Deus ajude que ela esteja mais feliz…
(Nesse momento, entram Aninha e Lucinha, cantando um música sobre as mães.)
Aninha: D. Zeferina, que a Virgem Maria, mãe de todas as mães lhe proteja e transmita-lhe todo o nosso carinho!
Lucinha: Mamãe, muito obrigada por tudo que a senhora tem feito por nós. A senhora é uma grande mãe. Que Maria de Nazaré a proteja sempre.
D. Zeferina: Minhas queiridas filhas, eu é que agradeço. E quanto a você, Aninha, estou muito feliz por vê-la feliz. Muito obrigada a vocês. Mas, eu gostaria que vocês cantassem aquela música novamente. Vocês cantam?
As duas: Claro mamãe!!!
Aninha: Vamos cantar para a senhora e para todos as mães presentes, encarnadas e desencarnadas.
(Nesse momento, entram todos os participantes do teatro, inclusive o narrador e começam a cantar, todos juntos.)
– Sugestão de música (de Franklin Heibulth):
Tu és minha alegria
Minha ternura em flor
Por isso eu canto mamãe
Sou teu pequeno e tu és meu amor.
Quando partires do mundo
Ao paraíso no Além
Guarde um cantinho pra mim,
Pois onde fores eu quero ir também.
(Teatro escrito em 1984)